sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Confiança





O oceano separou-se de mim
enquanto me fui esquecendo nos séculos
e eis-me presente
reunindo em mim o espaço
condensando o tempo.
Na minha história
existe o paradoxo do homem disperso
Enquanto o sorriso brilhava
no canto de dor
e as mãos construíam mundos maravilhosos
john foi linchado
o irmão chicoteado nas costas nuas
a mulher  amordaçada
e o filho continuou ignorante
E do drama intenso
duma vida imensa e útil
resultou a certeza
As minhas mãos colocaram pedras
nos alicerces do mundo
mereço o meu pedaço de chão
















António Agostinho Neto nasceu em 17 de Setembro de 1922, na aldeia de Kaxikane, região de Icolo e Bengo, a cerca de 60 km de Luanda, Angola. Sua poesia, tem suas raízes históricas mergulhadas na longa tradição da literatura angolana patriótica que data já as últimas décadas do século XIX. Empenhou-se em movimentos nacionalistas e anticoloniais, o que pode ser notado pela maior parte dos seus poemas em que expõe o sofrimento do seu povo, sendo um dos poetas angolanos mais consagrados e primeiro presidente da Angola independente.

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