quinta-feira, 3 de novembro de 2011


Antes de querer amor eu quero os meus direitos.



É já está tarde e eu não consigo dormir de preocupação... aproveitei para desabafar e escrever um texto...
Mais uma das muitas situações de racismo vividas...



 Enquanto uma mulher é racista com um grupo de estudantes negros eu ouço que racismo é subjetivo por parte do policial. E ao chegar na segunda delegacia, sou mais suspeita que a criminosa porque eu sou preta.  Lá não pode fazer retrato falado de uma criminosa que não se identifica no uniforme do próprio trabalho, porque ela é branca. Mas eu não posso andar sem a identidade na rua porque sou preta. Eu preciso saber o nome da criminosa porque sou  preta e o criminoso não é suspeito porque o suspeito- é branco? Ela pode ameaçar a gente, pode abusar da gente, pode abusar da ironia do poder porque o poder é  branco. Contudo, nós negros não podemos ter o direito de responder porque somos negros ela pode dizer o que quiser porque ela é branca. E racismo é subjetivo, eu ainda preciso ouvir isso com os meus próprios ouvidos porque sou preta, de uma boca racista que não se importa porque ela também  é branca.  A nossa cor nos denuncia. A dela favorece. Eu preciso provar além e ainda sim sou julgada de forma injusta e ela é aceita em todos os lugares porque ela tem a cor das pessoas que podem transitar. Ela pode abusar do poder porque vivemos numa relação de poder e ela é branca, mas nos não podemos abusar do muito que estudamos em argumentos porque somos negros. Ela diz que não deveriamos estar na universidade e que não temos cara de estudantes [porque somos pretos].Ela tem cara de gente trabalhadora só porque é branca. Nós não podemos estudar pelo campus da universidade nem andar juntos, menos ainda rir juntos porque somos pretos. Ela tem o direito de andar armada dentro da universidade porque é branca. Nossa cor nos denuncia porque somos pretos, contudo  nos olhares obliquos do país racista em que vivemos, da policia racista, universidade racista, onde a cor é um sortilégio para os brancos. Ela pode seguir todo um grupo de estudantes negros porque é branca. Pode mandar a segurança da universidade seguir a gente aos quatro cantos porque somos negros. e eles têm total direito e dever de combater os negros na universidade porque são brancos.  Nós deveríamos ficar de cabeça baixa porque somos negros e ela de ordenar , bater, reprimir e humilhar porque é branca. Nos não temos direitos porque somos negros ela tem privilegios e uma cidadania paralela porque é branca. Não, o racismo é subjetivo, onde? É que eu ainda não sei. Baseado em que? Nos brancos. Porque nós negros não temos legitimidade para falar de racismo, ele é coisa da nossa cabeça. É uma acusação que aponta para o preto oprimido seja na palavra, na dúvida, na arma mirada por uma mão branca. Não importa se errado, certo ou sem defesa. Se o corpo negro fala e discute ele merece apanhar e obvio sentir dor. De preferencia que amanheça no chão estirado, quem mandou se defender? É apenas um corpo negro, pesado das marcas e estigmas que carrega. É só mais um. Sempre é. Vítima da violencia das piadas, da violencia da mídia, da escola, da universidade, dos livros, dos que se dizem educadores, do projeto genocida do Estado Brasileiro... O corpo negro é o único que não pode falar de racismo. Porque racismo é subjetivo pra ele. A mente negra que pensa sobre racismo é preconceituosa, o negro não pode pensar menos ainda sobre o racismo. Não tem legitimidade nem autoridade para falar deste assunto e menos ainda do que sente. Nós sentimos? 



Acorda hipocrisia!